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Arquitetos: Equipo de Arquitectura
- Área: 115 m²
- Ano: 2021
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Fotografias:Federico Cairoli, Equipo de Arquitectura
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Fabricantes: Orlando Zacarías, Saccaro
Descrição enviada pela equipe de projeto. Entre o público e o privado, o aberto e o fechado, o interior e o exterior, o móvel e o fixo, a luz e as sombras, o natural e o artificial, o artesanal e o industrial, entre esses limites está o lar para um grande amigo.
Arquitetura é uma profissão que medeia as necessidades do habitar com a transformação da matéria. Os arquitetos tornam-se intermediários nessa vontade de poder.
É curioso como as ideias existem em um mundo imaterial, etéreo, mas elas se manifestam no material. O processo construtivo é o intermediário desses universos antagônicos, entre a tentativa e o erro, entre as expectativas e a realidade.
Estar sobre os ombros de gigantes é colocar-se no meio dos avanços do passado e do desenvolvimento do futuro, tarefa inevitável se assumirmos que a arquitetura é a história da continuidade.
Com Kahn aprendemos que o suporte estrutural pode se tornar um suporte funcional, por isso, todo o telhado da casa está apoiado nos móveis que compõem o perímetro do terreno. Essa dupla função é aplicável ao espaço, onde o social e o privado se confundem conforme o uso. A flexibilidade funcional da casa é ajustada às condições intercambiáveis dos modos de vida, onde o usuário da casa passa a ser o arquiteto dessas transformações.
Com as construções vernaculares locais, entendemos que o espaço preferido em uma casa é o meio, um ambiente para receber e compartilhar. Terra crua, na forma de tijolos prensados manualmente, é empilhada nas paredes e abóbadas para construir esse espaço intermediário onde a ventilação natural perpassa e as fronteiras entre o interior e o exterior são diluídas.
No centro de um terreno de 190 m2, uma mangueira intermedia os dois blocos fisicamente separados, mas visualmente conectados, criando uma integração espacial desde a parede frontal até a borda na parte posterior. Um espaço construído de 115 m2, que se transforma em portas e venezianas, respondendo ao existenzminimum sob uma perspectiva local subtropical.
Encontrar o meio termo entre o industrial e o artesanal faz parte do reconhecimento dos recursos disponíveis, onde o equilíbrio entre os dois produz um amálgama tecnológico que gera alternativas às técnicas convencionais de construção. O corte do bloco de terra compactado tornou-se a estratégia construtiva das abóbadas que compõem a cobertura. Os canais resultantes do corte dos blocos funcionam como fôrmas para as armaduras que recebem uma carga fina de concreto para funcionarem juntos.
Esses critérios de projeto e sua correspondente materialização, que vão desde a fabricação da matéria-prima até o design dos móveis, refletem a tentativa de encontrar a síntese entre o projeto e sua construção.